Como podemos criar condições para o desenvolvimento emocional dos bebês e crianças? Essa pergunta é muito comum e a resposta é ainda mais simples que imaginamos. Então, precisamos entender qual a relação entre o brincar e a emoção, e qual é o papel dos pais.
Há um impulso em brincar desde os primeiros meses de vida, e isto provoca uma ampla gama de emoções. Examinamos pesquisas e teorias nas interrelações entre brincar e o desenvolvimento emocional e social de bebês e crianças pequenas.
Porque o som de um molho de chaves, o barulho de um ursinho de brinquedo ou o gesto engraçado feito por um adulto chama a atenção dos bebês? Distrai até os mais focados no machucado em seu joelho ou os que estão fazendo birras? Porque os bebês e crianças pequenas, que normalmente são receosos a estranhos, mas prontamente juntam-se a crianças que eles não conhecem para brincar com algo interessante?
Porque o brincar provoca emoções extremamente positivas que podem superar as ansiedades e inseguranças da vida real. E porque motiva as crianças a se arriscarem e conhecerem o novo. Isso é especialmente evidente nos primeiros dois anos de vida.
As emoções dos bebês e crianças pequenas têm sido mal entendidas. O estado emocional nos dois primeiros anos de vida tem sido, tradicionalmente, vistos como primitivos e restritos a um estreito alcance de sentimentos: raiva, surpresa ou contentamento. Porém novas pesquisas desafiam esta ideia. Bebês com poucos dias de vida tem conseguido expressar um vasto e amplo número de emoções complexas, inclusive ao reconhecer emoções em outras pessoas.
Bebês podem ajustar emoções negativas, por exemplo, quando estão bravos. Eles podem desviar sua atenção para objetos ou pessoas que não estão relacionadas com tais sentimentos negativos. Bebês e crianças pequenas aprendem sobre controlar as emoções ao brincar com os pais e amiguinhos, sentindo e percebendo como eles sentem.
Durante a brincadeira, as crianças são influenciadas também pelas emoções que seus parceiros demonstram.
As crianças expressam preocupação e hesitação quando um companheiro demonstra medo, tristeza ou raiva. Ao contrário disso, eles participam mais ativamente quando eles veem a alegria no parceiro de brincadeira se divertindo com um brinquedo. Eles igualmente conseguem ler expressões no rosto dos pais durante as brincadeiras: preocupação, ou até um toque que pede cuidado.
Expressões positivas dos pais, por outro lado, promovem mais ação nas brincadeiras e também maiores descobertas.
Outro estado emocional que é influenciado por brincadeiras é o afeto, que são laços de segurança que a criança forma com o cuidador. Segurança que farão diferença no controle emocional não só dos bebês, mas durante o desenvolvimento infantil e na fase adulta.
Durante o ato de brincar, bebês estabelecem “relação de brincar” com os pais ou cuidadores; eles acabam descobrindo que estes adultos são agradáveis, responsivos e calorosos numa situação que exista brincadeira.
O estudo direcionados ao desenvolvimento infantil relacionados ao brincar nos últimos anos, têm mostrado a complexidade da brincadeira motora, assim como o impacto da frequência e o nível de brincadeiras de faz de conta entre mães e seus bebês. Como essas brincadeiras interferem no que diz respeito ao desenvolvimento afetivo das crianças.
Essa associação entre o brincar e o afeto foi encontrada nas crianças tipicamente desenvolvidas assim como naquelas que tem autismo ou outros atrasos no desenvolvimento.
Infelizmente, alguns bebês e crianças pequenas não possuem esta interação rica em brincadeiras com seus cuidadores, e o impacto no desenvolvimento pode ser muito negativo. Entenda o porquê…
A brincadeira é importante no desenvolvimento de uma criança, porque permite que as crianças aprendam e pratiquem novas habilidades em condições seguras e favoráveis aos estímulos recebidos.
Durante esses momentos lúdicos, as crianças têm a oportunidade de desenvolver não só habilidades motoras, mas também habilidades cognitivas e sociais.
A qualidade do relacionamento com os pais ou cuidadores, pode ter um impacto muito grande sobre os aspectos motivacionais do comportamento da criança durante a brincadeira e a exploração, bem como sobre a qualidade dessa brincadeira.
Um relacionamento seguro com um cuidador confiável otimiza a oportunidade para a criança explorar o meio ambiente sob condições seguras. Na verdade, verificou-se que as crianças com relações de apego fortalecidas exibem brincadeiras mais sofisticadas, complexas e diversas durante a interação com seu cuidador ou durante o brincar solitário. Isso significa que as crianças exploram mais, brincam mais e aprendem mais e melhor. A criança tem um potencial de desenvolvimento muito maior de desenvolvimento integral, quando há qualidade na relação entre ela e seus pais ou cuidadores. Compreendem melhor seus sentimentos e têm maior facilidade em entendê-los no autocontrole.
Frente a todas essas informações, vale um momento de reflexão . É fato que nossa vida é corrida e bastante agitada, porém é fato também que devemos ter um tempo de qualidade com nossas crianças.
Então, como podemos criar condições para o desenvolvimento emocional dos bebês e crianças?
Como podemos adaptar nossas atividades do dia a dia, para oferecer aos nossos filhos o cuidado e atenção necessária?
Proponho um desafio !!! Vamos fazer um exercício de DESCOBRIR e APLICAR, duas brincadeiras durante o banho. Lembrando que podemos utilizar brinquedos, esponjas, bolinhas… E que musicas e histórias também valem!
Vamos nos organizar para que nossa rotina seja rica em estimulação e forneça todo cuidado e carinho que a
criança precisa para crescer feliz e saudável !
Referências: BenefitsOfPlay_LitReview / Play Behavior and Attachment in Toddlers with autism