Todos nós experimentamos a dor do fracasso e o prazer da imaginação desde pequeninos. Uma real e fantástica história pode nos demonstrar a importância dessas experiências.
Em 1994, Joanne era uma mulher divorciada, com depressão, que dependia de seguro-desemprego. Tinha uma filha ainda bebê para alimentar e escrevia um livro nos guardanapos de um café escuro e empoeirado de Edimburgo, no Reino Unido. Hoje, conhecida como J.K. Rowling, ela é autora da saga best-seller “Harry Potter” e possui um patrimônio maior do que a rainha Elizabeth II.
Pensando nos altos e baixos de sua vida, a escritora fez um discurso especial durante o Encontro Anual da Associação de Alunos de Harvard, de 2008, que ainda trazem reflexões importantes sobre o desenvolvimento humano.
Com o tema “Os benefícios indiretos do fracasso e a importância da imaginação”, J.K. Rowling conversou com os estudantes presentes sobre as dificuldades que enfrentou. Para tentar combinar os sonhos que ela tinha para sua vida com o que sua família esperava dela.
“Meus pais viam a minha imaginação como um capricho que jamais pagaria as minhas contas”. Disse, relembrando, em seguida, uma época em que eles passaram grandes necessidades materiais.
“A pobreza só é romantizada pelos ignorantes”, prosseguiu.
“E eu gostaria de lembrar que existe uma data de validade para responsabilizar seus pais por te colocarem na direção errada. A partir do momento que você está velho o suficiente para pegar em um volante, essa responsabilidade está com você”.
Durante o bate-papo, a autora renomada também revelou que o que ela mais temia quando era jovem não era a pobreza. E sim, o fracasso. Principalmente, por conta da experiência que viveu no mundo acadêmico. Onde o sucesso já era medido através de notas e provas.
“Ter talento e ser inteligente não priva ninguém de falhar, eu passei por um período muito difícil e obscuro. Mas, ele me deu energia para concluir o único trabalho que importava para mim. Eu não tinha mais o meu esposo e não conseguia encontrar emprego. Mas, eu ainda estava viva, ainda tinha a minha filha que eu amava. E eu também tinha uma máquina de escrever velha e uma grande ideia. Então, o fundo do poço serviu de base para a reconstrução da minha vida”.
J.K. Rowling reconhece a importância de contar histórias na hora de dormir. Mas, defende a importância da imaginação de uma maneira muito mais ampla.
Para ela, a ação de imaginar é a fonte de todas as invenções e inovações. E, também, é essencial para nos ajudar a desenvolver empatia pelos seres humanos que têm histórias de vida diferentes das nossas.
“Ela expressa, em parte, a nossa conexão inevitável com o mundo exterior e o fato de que tocamos as vidas de outras pessoas simplesmente por existirmos”.
Ao encerrar sua fala, a escritora relacionou o impacto positivo que o fracasso e a imaginação podem trazer para o desenvolvimento humano.
Apontando que o primeiro é responsável por acabar com a zona de conforto. E o segundo, por motivar as pessoas a darem atenção a outras, fazendo a diferença e melhorando vidas.
“O fracasso me ensinou coisas sobre mim e sobre pessoas próximas de mim que eu não teria aprendido de outra forma. As suas qualificações e os seus currículos não são a sua vida. Se vocês escolherem usar status, influência e voz por aqueles que não têm voz, se vocês tiverem empatia pelos poderosos e também pelos fracos. Tanto as suas famílias celebrarão as existências de vocês, assim como milhares de pessoas também o farão”, apontou.
“Nós não precisamos de mágica para mudar o mundo, nós carregamos esse poder dentro de nós. Nós temos o poder de imaginar coisas melhores”, lembrou, finalizando seu discurso valioso.
Fonte: ‘The Fringe Benefits of Failure, and the Importance of Imagination’