Não tem como negar a influência e interferência das tecnologias na vida das famílias.
Ver crianças brincando em parquinhos, andando de bicicleta nas praças e jogando bola com os amigos da rua não era algo raro há uns quinze ou vinte anos.
A série de inovações tecnológicas que vem dominando o mundo acontece com uma rapidez inacreditável.
É difícil explicar para as crianças de hoje o que era uma fita cassete ou uma máquina de escrever. E que houve uma época em que não existia internet e o que as crianças faziam sem ela.
No passado, as crianças tinham seu mundo sensorial baseado na natureza.
Ficar um tempo com a família também era contribuir com as tarefas de casa. E a mesa de jantar servia como ponto de encontro para conversar, tomar o café da tarde, comer e fazer as tarefas de casa. Mas as famílias do século XXI são diferentes.
Não é mais só a TV que atrapalha a comunicação e a convivência. Mas também, os vídeo games, iPads e celulares. Isso porque agora, as crianças dependem de tecnologia para brincar. O que limita a criatividade e a imaginação, bem como o desenvolvimento sensorial e motor.
Os pequenos estão indo para a escola já com problemas de atenção e autocontrole. Sementes que se transformam em problemas de comportamento dentro das salas de aula.
O organismo infantil não foi feito para sustentar esse tipo de sedentarismo. Sua influência negativa impacta no desenvolvimento físico e psicológico.
É preciso lembrar que, problemas de coordenação motora, dificuldades de aprendizado, ansiedade, depressão e distúrbios de alimentação e sono também são associados ao uso exagerado de tecnologia.
Existem quatro fatores importantes que, combinados, auxiliam para que as crianças se desenvolvam de maneira saudável:
a) o movimento – crianças mais novas precisam de pelo menos duas a três horas diárias para brincar para atingirem o nível de estimulação sensorial adequado aos seus sistemas vestibular, proprioceptivo e tátil;
b) o toque – a estimulação tátil, que é recebida através do toque, do abraço e da brincadeira, é essencial para o desenvolvimento dos padrões de movimentos planejados;
c) a conexão humana – também acontece através do toque, gesto que ativa o sistema parassimpático, diminuindo os níveis de cortisol, adrenalina e ansiedade;
d) a exposição à natureza – espaços verdes não apenas exercem um efeito calmante nas crianças, como também estimulam a aprendizagem, estimulam a visão e restauram a atenção.
Manter crianças expostas à tecnologia de maneira exagerada superestimula regiões cerebrais em relação a outras. O que causa um desequilíbrio sensorial que pode resultar em problemas graves de desenvolvimento neurológico. Uma vez que o cérebro infantil pode sofrer alterações e danos permanentes.
A união entre pais, professores é importante para ajudar a sociedade a perceber os efeitos devastadores que a superexposição tecnológica pode causar. Tanto na saúde física, psicológica e comportamental das crianças. Assim como em suas habilidades de aprendizado e de manter relacionamentos pessoais e familiares.
A tecnologia continuará evoluindo e interferindo no cotidiano da humanidade. Por isso, balancear e supervisionar o uso que as crianças dão a ela pode evitar. Inclusive, que se crie uma distância irreversível entre pais e filhos.
Fonte: Huffingtonpost.Com