Muitas dúvidas e inúmeros relatos sobre TDAH… “meu filho é agitado, não escuta quando chamo, não presta atenção quando falo… Será que tem Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ?.
“Não vai bem na escola, parece em outro mundo enquanto a professora está falando…” Há suspeita de TDAH.
“Já fui chamado na escola diversas vezes, recados na agenda… Não aguento mais… Acho realmente que minha filha tem problema”
Hoje a conversa não é sobre as causas e sintomas do TDAH. Mas o quanto esse assunto tem sido discutido nas mídias, nas escolas e em casa.
Como as reclamações excessivas de comportamento, muitas crianças e adolescentes têm recebido o “carimbo” de TDAH.
Um artigo de outubro de 2018 da Martinhago (2018), traz importantes informações e dados de pesquisas sobre o “bum” do TDAH.
No início da era psicofarmacológica, as crianças eram consideradas travessas, inquietas, dispersas, mas não recebiam o diagnóstico de TDAH, cujo o diagnóstico é clínico. Pois não existem exames laboratoriais que possam comprovar tal patologia.
Esta vulnerabilidade do diagnóstico facilita que um número significativo de pessoas receba um diagnóstico falso-positivo e que isso possa ocorrer pela influência do marketing, pois o TDAH atinge cerca de 5% a 10% da população infanto-juvenil em diversos continentes
Assim, o contexto escolar aparece como um lugar propício para identificar tais problemas relacionados ao comportamento, pelo fato de algumas crianças não seguirem as regras da escola, como ficarem sentadas, caladas e prestando atenção nas aulas por várias horas.
Frances (2015) explica que em muitas situações, o que tratamos não são doenças. Mas transtornos da vida, percalços que pensamos ou somos induzidos a pensar que não daremos conta de lidar na contemporaneidade. O
Para Frances (2015), o modo mais adequado de lidar com os problemas da vida cotidiana é solucioná-los diretamente ou aguardar que desapareçam. Buscar apoio da família, amigos, fazer mudanças necessárias na vida, enfim, buscar alternativas que fortaleçam o sujeito, no lugar de recorrer imediatamente a medicamentos.
Para aqueles que sofrem de um transtorno mental real, a medicação pode ser necessária para restabelecer a homeostase. Mas para aqueles que sofrem por problemas cotidianos, o medicamento interfere na homeostase. E acrescento, no desenvolvimento da criança.
Diante deste contexto, a principal preocupação é:
como as crianças e os adolescentes que estão sendo rotulados com diagnósticos falso-positivos de transtornos mentais e “tratadas” com intervenções medicamentosas como se tivessem transtornos mentais graves?
Segundo Frances(2015) , milhões de pessoas saudáveis estão sendo prejudicadas com diagnósticos psiquiátricos equivocados e tratamentos desnecessários. Ao passo que os que possuem transtornos mentais graves não têm acesso às terapias necessárias.

Vale ressaltar a existência de crianças que apresentam um transtorno mental severo e que necessitam muito mais do que medicamentos. Não há negação dessa população. O que está em discussão é o crescente número de diagnósticos falso-positivos de transtornos mentais em crianças e adolescentes e o alto consumo de medicamentos.
Minha proposta é observação. Precisamos eliminar primeiramente as variáveis que interferem nesse “mal comportamento”, nessas “queixas de comportamento”, realizados pela escola e pela família.
A experiência de dezenas de atendimentos à criança e à família, trouxe a oportunidade de solucionar muitas queixas por meio de adequações no ambiente e das relações. Questões simples, como horário de realizar a tarefa, lugar em sala de aula, ou rotina de brincadeiras. Além de excesso do uso de eletrônicos e falta de rotina, que desorganizam a criança e trazem como consequência, comportamentos muito semelhantes ao do TDAH.
É possível obter grande mudança positiva no comportamento infantil, tanto das crianças com suspeita ou falso-positivo, como das crianças que realmente apresentam TDAH, com mudanças simples na rotina.
Avalie todo o contexto em que a criança está inserida, procure orientação de especialistas em desenvolvimento infantil. E elimine qualquer interferência externa no comportamento da criança, antes de dar o “carimbo” de TDAH.
O método BRINC, traz orientações práticas, e pode auxiliar nesse processo. Fico a disposição para qualquer auxilio!
Grande Abraço
Dra Fernanda Monteiro
Terapeuta Ocupacional
referencia: ADHD and Ritalin: neuronarratives in a virtual community of Facebook Social Network